robo-rainbow from mudlevel on Vimeo.
12/02/2011
26/12/2010
27/11/2010
Reflorestação
Nos EUA iniciou-se um processo de reflorestação, usando aviões, que descarregam sobre o solo sementes, que pela velocidade a que caem, se misturam no solo, para depois germinar, e uma nova floresta nascer.
in BLDGBLOG
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Ambiente
05/10/2010
03/10/2010
07/08/2010
Aviso
Portuguesas e Portugueses, compatriotas queridos. Gustavo Briz regressará a Portugal. Qual Incoberto, numa manhã de nevoeiro pouco provável, ou melhor, na manhã de dia 10 de Agosto do ano do nosso senhor de 2010 pelas 7.30 na Estação do Oriente, depois de uma épica viagem desde a mítica Berlim, atravesando as planícies germânicas, os alpes austríacos, italianos, suíços e franceses, a meseta castelhana e a lezíria portuguesa, até à sua Lisboa natal, banhada pelas águas do Tejo, porta para o mar oceano.
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Divulgação
23/07/2010
Prazo de Validade
Tudo tem um prazo de validade. A vida tem sempre um ponto (pode ser de exclamação, mas acaba sempre num ponto, final) A questão é não sabermos qual é o prazo de validade da vida. Há estimativas estatísticas: um homem português vive em média 75 anos e uma mulher 80. OK. Mas de qualquer modo não é um prazo visível, não há uma data marcada no calendário. Por vezes entretinha-me a ver quando tinham morrido pessoas nascidas em 88 de outros séculos. Por exemplo Fernando Pessoa nasceu em 1888 e morreu em 1935. Um jovem, se pensarmos bem nisso. E não me estou a ver a morrer em 2035, com apenas 47 anos. Portanto devo morrer lá para os anos 60; 80 anos de vida parece-me suficientemente bom... Bom, esperemos que a vida não me pregue uma partida, e azede antes do prazo.
Ora, com estimativas ou sem elas, o importante é que vivemos a vida sem ponto final à vista, vamos de vírgula em vírgula, pontos de interrogações e parêntisis. Até que o ponto derradeiro chega, inesperadamente. Mesmo que tudo indique que se trata já da conclusão da vida, o ponto final chegará sempre de surpresa, pondo um ponto final na vida. Ponto.
Vivemos sempre com uma bruma à nossa frente, sem saber o que o futuro nos aguarda, que parágrafos se seguem, que capítulos se encerrarão e que outros se abrirão. Planeamos, sonhamos, mas apenas podemos viver verdadeiramente o momento, o presente, o quotidiano. Esta sucessão de dias vai trazendo alterações à narrativa que é a vida e encaminhando-a, enformando-a. Mas nós vivemos envoltos nessa ideia de um prazo num plano infinito. O final está sempre em aberto, nunca se sabe quando chegará, nem como.
Ainda bem. Seja o fim uma surpresa.
No entanto, este ano que passou foi um ano a prazo. Vim para Berlim, em setembro sabendo que no verão iria voltar para Lisboa. Nos primeiros meses, essa data, esse prazo de validade da minha vida berlinense era longínquo, intangível. E assim vivia pacificamente. Talvez não me ocupasse tanto por não pensar no prazo que chegaria. Haveria tempo depois. (não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, que irritação a sabedoria popular)
Enfim, agora, a pouco mais de uma semana do ponto final em Berlim, sinto-me como um condenado à morte (dos poucos seres do mundo que sabem verdadeiramente o seu prazo de validade). Aproximo-me inexoravelmente do ponto final. Não há volta a dar à pontuação. É um ponto. Mesmo que seja um ponto-e-vírgula, o seu significado é o de um ponto. Encerra-se um ano. Não tem continuidade com os próximos, não se confudirá. Venha Berlim a receber-me de novo será um parágrafo, travessão, novo diálogo.
Saber que há um prazo coloca uma enorme pressão nas coisas mundanas. O último domingo, o último passeio de bicicleta, o último encontro, o último despertar em Berlim. Existir um prazo de validade pode ser triste. É-o de facto. É pena as coisas boas acabarem sempre (as más também, pelo menos isso). Mas saber de um prazo faz-nos querer que cada momento seja especial, consumir de preferência antes de... Assim é. E assim não vale a pena deprimir por o dia não ter sido especialmente especial, bastam pequenos pormenores para o enriquecerem. Hoje é a chuva, um filme e um trabalho por fazer. Nada de especial. Mas bom e simples. Simplesmente bom.
Prazo de validade há sempre. E sabendo, vivemos mais intensamente, mas também mais pesadamente, mais nervosos por sabermos que estamos a viver os últimos momentos antes do ponto final. Ignorando o prazo vivemos o presente, projectando-nos no futuro e pensando que haverá tempo depois. Não há. Então vivamos intensamente o presente, mas sem grandes preocupações. O ponto final chegará. Ao menos estejamos felizes quando ele chagar e pontuar a vida.
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Divagações
22/07/2010
13/07/2010
18/06/2010
A Morte Não é o Fim
Morreu José Saramago. Mais uma vida que se expira. Vivo continua o que escreveu. Assim seja. Leiamos.
A ignorância tem alguma inconveniência. Quando se junta à estupidez, não há remédio.
in Público
A ignorância tem alguma inconveniência. Quando se junta à estupidez, não há remédio.
in Público
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Divulgação,
Literatura
15/06/2010
12/06/2010
31/05/2010
Utopia?
By Lebbeus Woods
The idea of utopia has all but vanished. The avant-garde architects of earlier generations rarely used the term—its meaning can cut both ways—but still proposed ‘ideal’ urban designs that were, in effect, utopian. Now the avant-garde, such as it is, is focused on pragmatic matters, from innovative computer techniques of form-making to issues such as sustainability. Utopian ideas are conspicuously absent. Why is this so?
The reasons, I think, are complexly interwoven. Foremost, the widely accepted feeling is that we have reached “the end of history” (Fukuyama) and the global triumph of capitalism and ‘liberal democracy.’ While the former is manifestly not the case, it is true that the demise of socialism as a human ideal has left no credible alternative to capitalism’s global dominance. All utopian projects reach not only for formal or technical improvements, but social ones, as well. So, in the current climate, the only possible utopias are those perfecting capitalism and its present, consumerist, forms of order. We can think of Rem Koolhaas as the visionary of consumerist utopias, celebrating its virtues and vices in equal measure. But we can also see shopping mall designers in nearly the same way, regardless or even because of their lack of design originality—very liberally democratic. In one sense, utopia has already been realized. Anyone can get a credit card, everyone can buy and be happy, at least until they max out their cards. So, where is the inspiration to envision ‘another’ utopia? Certainly, the present leaders in the field of architecture have not found it.
Then, there is the ‘green’ movement. Who can argue with its premises? Our priority is no longer to improve human society but to save the planet from human society. Changes to be made to the social system are more remedial than systemic: reducing air pollution and carbon footprints, recycling, refitting, redesign, and the like. Capitalist enterprise, far from being curtailed, is encouraged through tax-incentives and government subsidies of new, green industries to expand its dominant role. Adaptivity is its keyword: anything can be turned to a profit. But who can argue with the goal, and since the very word socialism has become an insult, who would dare to? The green movement is important and necessary, but whether capitalism is really to be trusted with its fate remains to be seen. The lack of green utopias in a time increasingly obsessed with green issues may be due to capitalism’s success and unchallenged dominance.
This idea is certainly reinforced by the ubiquity of information. The instant accessibility from anywhere of information about anything seems in itself a utopian achievement. Information has been radically democratized and with it comes a belief that knowledge has, too. However, information is not knowledge (see the post Ars Brevis, Vita Longa) and indeed it takes knowledge not present in the information to put it to any use. There is a continual stream of new information, with the result of keeping its recipients continually off-balance—we never have enough and must continually return to the sellers to get more: internet sites that in one way or another are in the business of making money. Information is the ideal capitalist product. There is a cheap, inexhaustible supply of it and an insatiable market of consumers who believes it empowers them, and keep buying. How much closer to utopia can we get? We might say that capitalism is a utopia of self-satisfaction and restlessness. Who, then, needs a better society? Alternative utopias would be out-of-date as soon as they would be written or drawn. Ideals and idealism can only slow us down. Utopias can only get in the way.
Then we come to architects themselves. Let us not consider the usual, even intelligent and talented practitioner. He and she have never, historically speaking, been interested in the hypothetical ‘what if?’ as much as the down-to-earth ‘what now?’ Instead, if we think about avant-garde architects who have some visible profile, we don’t find work that envisions a social world widely improved by architecture. No utopias of the sort that dot the map of architectural history up through the post-Modern era of the 70s and 80s of the last century. Today, their aspirations seem to have retreated before the advance of capitalism and liberal democracy.
Have we reached the end of utopia as well as the end of history?
Let us listen to, and watch, the more ambitious and idealistic of the coming generation. Only they have the answer.
LW
The idea of utopia has all but vanished. The avant-garde architects of earlier generations rarely used the term—its meaning can cut both ways—but still proposed ‘ideal’ urban designs that were, in effect, utopian. Now the avant-garde, such as it is, is focused on pragmatic matters, from innovative computer techniques of form-making to issues such as sustainability. Utopian ideas are conspicuously absent. Why is this so?
The reasons, I think, are complexly interwoven. Foremost, the widely accepted feeling is that we have reached “the end of history” (Fukuyama) and the global triumph of capitalism and ‘liberal democracy.’ While the former is manifestly not the case, it is true that the demise of socialism as a human ideal has left no credible alternative to capitalism’s global dominance. All utopian projects reach not only for formal or technical improvements, but social ones, as well. So, in the current climate, the only possible utopias are those perfecting capitalism and its present, consumerist, forms of order. We can think of Rem Koolhaas as the visionary of consumerist utopias, celebrating its virtues and vices in equal measure. But we can also see shopping mall designers in nearly the same way, regardless or even because of their lack of design originality—very liberally democratic. In one sense, utopia has already been realized. Anyone can get a credit card, everyone can buy and be happy, at least until they max out their cards. So, where is the inspiration to envision ‘another’ utopia? Certainly, the present leaders in the field of architecture have not found it.
Then, there is the ‘green’ movement. Who can argue with its premises? Our priority is no longer to improve human society but to save the planet from human society. Changes to be made to the social system are more remedial than systemic: reducing air pollution and carbon footprints, recycling, refitting, redesign, and the like. Capitalist enterprise, far from being curtailed, is encouraged through tax-incentives and government subsidies of new, green industries to expand its dominant role. Adaptivity is its keyword: anything can be turned to a profit. But who can argue with the goal, and since the very word socialism has become an insult, who would dare to? The green movement is important and necessary, but whether capitalism is really to be trusted with its fate remains to be seen. The lack of green utopias in a time increasingly obsessed with green issues may be due to capitalism’s success and unchallenged dominance.
This idea is certainly reinforced by the ubiquity of information. The instant accessibility from anywhere of information about anything seems in itself a utopian achievement. Information has been radically democratized and with it comes a belief that knowledge has, too. However, information is not knowledge (see the post Ars Brevis, Vita Longa) and indeed it takes knowledge not present in the information to put it to any use. There is a continual stream of new information, with the result of keeping its recipients continually off-balance—we never have enough and must continually return to the sellers to get more: internet sites that in one way or another are in the business of making money. Information is the ideal capitalist product. There is a cheap, inexhaustible supply of it and an insatiable market of consumers who believes it empowers them, and keep buying. How much closer to utopia can we get? We might say that capitalism is a utopia of self-satisfaction and restlessness. Who, then, needs a better society? Alternative utopias would be out-of-date as soon as they would be written or drawn. Ideals and idealism can only slow us down. Utopias can only get in the way.
Then we come to architects themselves. Let us not consider the usual, even intelligent and talented practitioner. He and she have never, historically speaking, been interested in the hypothetical ‘what if?’ as much as the down-to-earth ‘what now?’ Instead, if we think about avant-garde architects who have some visible profile, we don’t find work that envisions a social world widely improved by architecture. No utopias of the sort that dot the map of architectural history up through the post-Modern era of the 70s and 80s of the last century. Today, their aspirations seem to have retreated before the advance of capitalism and liberal democracy.
Have we reached the end of utopia as well as the end of history?
Let us listen to, and watch, the more ambitious and idealistic of the coming generation. Only they have the answer.
LW
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Utopia
27/05/2010
15/04/2010
Horas Tardias
Passam já das três da manhã, e há muito que devia estar a dormir, mas, apesar do sono, não me apetece, mesmo sabendo que amanhã será uma tarefa hercúlea levantar-me das profundezas dos lençóis e ganhar força para enfrentar um dia, frio e longo como o de hoje.
Apetece-me escrever, deitar alguma coisa cá para fora, mas na realidade não sei bem sobre o que falar, reflectir. Apetece-me condensar numa só frase, numa só palavra o mundo, a realidade, a vida. Parece simples. Mas não. Peço desculpa pelo total desinteresse destas palavras, coitadas, não têm culpa de terem sido escritas a horas tão tardias, só porque a alguém lhe apeteceu escrever e demasiado cansado se encontrava para se levantar e apanhar um caderno e uma caneta. Até porque gosto mais de ver as minhas letras surgirem, como um desenho, as curvas suaves interligadas que formam caminhos sinuosos de significados, que compõem uma sinfonia tipográfica rabiscada, e, no fim, um todo coeso de uma mancha gráfica que encerra uma ideia, uma história.
Lamento não escrever mais. Por preguiça. E por ter falta de coragem. Parece sempre sair um cagalhoto literário que a ninguém interessa. Uma vez mais peço desculpa. Escrevo para mim... Só porque sim.
Apetece-me escrever, deitar alguma coisa cá para fora, mas na realidade não sei bem sobre o que falar, reflectir. Apetece-me condensar numa só frase, numa só palavra o mundo, a realidade, a vida. Parece simples. Mas não. Peço desculpa pelo total desinteresse destas palavras, coitadas, não têm culpa de terem sido escritas a horas tão tardias, só porque a alguém lhe apeteceu escrever e demasiado cansado se encontrava para se levantar e apanhar um caderno e uma caneta. Até porque gosto mais de ver as minhas letras surgirem, como um desenho, as curvas suaves interligadas que formam caminhos sinuosos de significados, que compõem uma sinfonia tipográfica rabiscada, e, no fim, um todo coeso de uma mancha gráfica que encerra uma ideia, uma história.
Lamento não escrever mais. Por preguiça. E por ter falta de coragem. Parece sempre sair um cagalhoto literário que a ninguém interessa. Uma vez mais peço desculpa. Escrevo para mim... Só porque sim.
13/04/2010
09/02/2010
12 Reasons Why Gay Marriage Should Be Illegal
1.Homosexuality is not natural, much like eyeglasses, polyester, and birth control.
2.Heterosexual marriages are valid because they produce children. Infertile couples and old people can’t legally get married because the world needs more children.
3.Obviously, gay parents will raise gay children, since straight parents only raise straight children.
4.Straight marriage will be less meaningful if gay marriage is allowed, since Britney Spears’ 55-hour just-for-fun marriage was meaningful.
5.Heterosexual marriage has been around a long time and hasn’t changed at all; women are property, blacks can’t marry whites, and divorce is illegal.
6.Gay marriage should be decided by people, not the courts, because the majority-elected legislatures, not courts, have historically protected the rights of the minorities.
7.Gay marriage is not supported by religion. In a theocracy like ours, the values of one religion are imposed on the entire country. That’s why we have only one religion in America.
8.Gay marriage will encourage people to be gay, in the same way that hanging around tall people will make you tall.
9.Legalizing gay marriage will open the door to all kinds of crazy behavior. People may even wish to marry their pets because a dog has legal standing and can sign a marriage contract.
10.Children can never succeed without a male and a female role model at home. That’s why single parents are forbidden to raise children.
11.Gay marriage will change the foundation of society. Heterosexual marriage has been around for a long time, and we could never adapt to new social norms because we haven’t adapted to things like cars or longer life-spans.
12.Civil unions, providing most of the same benefits as marriage with a different name are better, because a “separate but equal” institution is always constitutional. Separate schools for African-Americans worked just as well as separate marriages for gays and lesbians will.
Fonte/Source
2.Heterosexual marriages are valid because they produce children. Infertile couples and old people can’t legally get married because the world needs more children.
3.Obviously, gay parents will raise gay children, since straight parents only raise straight children.
4.Straight marriage will be less meaningful if gay marriage is allowed, since Britney Spears’ 55-hour just-for-fun marriage was meaningful.
5.Heterosexual marriage has been around a long time and hasn’t changed at all; women are property, blacks can’t marry whites, and divorce is illegal.
6.Gay marriage should be decided by people, not the courts, because the majority-elected legislatures, not courts, have historically protected the rights of the minorities.
7.Gay marriage is not supported by religion. In a theocracy like ours, the values of one religion are imposed on the entire country. That’s why we have only one religion in America.
8.Gay marriage will encourage people to be gay, in the same way that hanging around tall people will make you tall.
9.Legalizing gay marriage will open the door to all kinds of crazy behavior. People may even wish to marry their pets because a dog has legal standing and can sign a marriage contract.
10.Children can never succeed without a male and a female role model at home. That’s why single parents are forbidden to raise children.
11.Gay marriage will change the foundation of society. Heterosexual marriage has been around for a long time, and we could never adapt to new social norms because we haven’t adapted to things like cars or longer life-spans.
12.Civil unions, providing most of the same benefits as marriage with a different name are better, because a “separate but equal” institution is always constitutional. Separate schools for African-Americans worked just as well as separate marriages for gays and lesbians will.
Fonte/Source
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Casamento,
Divulgação,
Humor,
Igualdade
02/02/2010
27/01/2010
25/01/2010
08/01/2010
03/01/2010
31/12/2009
30/12/2009
18/12/2009
O Casamento
O ataque ao casamento homossexual indicia uma fixação no sexo e no poder.
Por Inês Pedrosa
A converseta moralucha em torno do casamento dos homossexuais recorda-me aquele fulgurante poema de Sophia de Mello Breyner que começa assim: "As pessoas sensíveis não são capazes/ de matar galinhas/ porém são capazes/ de comer galinhas". Não se pode chamar debate ou discussão ao que é apenas um tricô de preconceitos, uma espiolhagem salivante sobre a vida íntima dos outros.
Os homossexuais têm o mesmíssimo direito ao casamento que todas as outras pessoas, porque o contrato de casamento não se estabelece a partir do tipo de práticas sexuais dos que o contraem. A 'ideia' de que o casamento tem por objectivo a procriação, como afirma a dra. Manuela Ferreira Leite, não é confirmada pela lei de nenhum país democrático, talvez porque nem sequer se lhe pode chamar 'ideia': não passa de um fogacho de autoritarismo deslocado. O casamento não é fácil - e toda a gente sabe que não é a procriação o que o sustenta. Demasiadas vezes, pelo contrário, a mimosa prole estoira com essa relação de carne e alma entre dois adultos. Há gente para tudo, mas, em geral, o sexo não suporta a transfiguração dos amantes em papá e mamã.
O casamento é uma decisão extraordinariamente séria. Os heterossexuais tendem a esquecê-lo, porque podem casar e descasar sempre que lhes apetecer. Desde que procriem, segundo os fanáticos da procriação, não há problema. Mas basta olharmos à nossa volta para verificarmos que é exactamente esse o problema: o frenesim da procriação atenta contra os direitos dos procriados, aqueles a que na adolescência passamos a tratar por malcriados. As novas gerações crescem num hipermercado de mães e pais que mudam de mês a mês como as promoções especiais. O mais elementar bom senso confirmará que uma criança adoptada por um casal homossexual estável terá muito mais hipóteses de desenvolver as suas capacidades do que uma outra - e são tantas, basta abrir as revistas ditas cor-de-rosa para o confirmar - que viva de 'tio' em 'tio', de madrasta em madrasta, até à perda de referências final.
O bom senso só não nos pode meter isto pelos olhos dentro porque, em Portugal, o cenário de um casal homossexual com filhos é inexistente. Por causa da moral de esquina, hipócrita, opressora, da maioria amorfa. O lado esquerdo dessa maioria diz coisas como: "Eu não tenho nada contra a adopção por homossexuais, mas o problema é que a criança vai ser discriminada na escola". Estes são os mesmos que há trinta anos diziam: "Eu não sou racista, mas não gostava que o meu filho casasse com uma negra porque as crianças seriam discriminadas na escola". Agora abanam a cabeça, enervados, e dizem: "Não, não é a mesma coisa: porque a criança necessita de um modelo masculino e de um modelo feminno". Que modelos são esses, nesta fase de mutação acelerada em que as mulheres ganham autoridade e os homens doçura? Que modelos eram esses - o pai que bebia e batia, a mãe que apanhava e chorava? O pai que mandava, a mãe que obedecia? O centro dessa maioria diz: "Não sou contra os casais homossexuais, arranjem-lhes leis que os protejam, mas não lhe chamem casamento". Estes estão imbuídos de uma noção de superioridade: chamem-lhe outra coisa, para não atingirem essa coisa sublime a que só nós, os que fazemos o sexo do qual podem nascer bebés, temos direito. A direita dessa maioria diz simplesmente: "Vivam lá a vida deles, mas discretamente". Ou seja, às escondidas, como os senhores faziam filhos às criadas.
O mundo já caminhou o suficiente (no Ocidente, claro), para entender que as crianças precisam de adultos que as amem. Um homem e uma mulher. Ou só um homem. Ou só uma mulher - os filhos dos viúvos, como se criam sem o tal modelo outro? Ou dois homens. Ou duas mulheres. As crianças precisam de modelos de amor. O amor, qualquer amor, ilumina. Os que se amam devem ter o direito à partilha e à herança um do outro. Devem ter o direito a acompanhar-se na saúde e na doença, em casa e no hospital, até ao último suspiro. As pessoas que pretendem negar a outras pessoas o direito ao casamento, fundamentando essa recusa no tipo de práticas sexuais dos outros, estão certamente a precisar de tratamento psiquiátrico. Porque só pensam em sexo e em poder, e há outras coisas na vida, muito mais importantes. A começar pelo amor.
Texto publicado na edição do Expresso de 5 de Dezembro de 2009
Por Inês Pedrosa
A converseta moralucha em torno do casamento dos homossexuais recorda-me aquele fulgurante poema de Sophia de Mello Breyner que começa assim: "As pessoas sensíveis não são capazes/ de matar galinhas/ porém são capazes/ de comer galinhas". Não se pode chamar debate ou discussão ao que é apenas um tricô de preconceitos, uma espiolhagem salivante sobre a vida íntima dos outros.
Os homossexuais têm o mesmíssimo direito ao casamento que todas as outras pessoas, porque o contrato de casamento não se estabelece a partir do tipo de práticas sexuais dos que o contraem. A 'ideia' de que o casamento tem por objectivo a procriação, como afirma a dra. Manuela Ferreira Leite, não é confirmada pela lei de nenhum país democrático, talvez porque nem sequer se lhe pode chamar 'ideia': não passa de um fogacho de autoritarismo deslocado. O casamento não é fácil - e toda a gente sabe que não é a procriação o que o sustenta. Demasiadas vezes, pelo contrário, a mimosa prole estoira com essa relação de carne e alma entre dois adultos. Há gente para tudo, mas, em geral, o sexo não suporta a transfiguração dos amantes em papá e mamã.
O casamento é uma decisão extraordinariamente séria. Os heterossexuais tendem a esquecê-lo, porque podem casar e descasar sempre que lhes apetecer. Desde que procriem, segundo os fanáticos da procriação, não há problema. Mas basta olharmos à nossa volta para verificarmos que é exactamente esse o problema: o frenesim da procriação atenta contra os direitos dos procriados, aqueles a que na adolescência passamos a tratar por malcriados. As novas gerações crescem num hipermercado de mães e pais que mudam de mês a mês como as promoções especiais. O mais elementar bom senso confirmará que uma criança adoptada por um casal homossexual estável terá muito mais hipóteses de desenvolver as suas capacidades do que uma outra - e são tantas, basta abrir as revistas ditas cor-de-rosa para o confirmar - que viva de 'tio' em 'tio', de madrasta em madrasta, até à perda de referências final.
O bom senso só não nos pode meter isto pelos olhos dentro porque, em Portugal, o cenário de um casal homossexual com filhos é inexistente. Por causa da moral de esquina, hipócrita, opressora, da maioria amorfa. O lado esquerdo dessa maioria diz coisas como: "Eu não tenho nada contra a adopção por homossexuais, mas o problema é que a criança vai ser discriminada na escola". Estes são os mesmos que há trinta anos diziam: "Eu não sou racista, mas não gostava que o meu filho casasse com uma negra porque as crianças seriam discriminadas na escola". Agora abanam a cabeça, enervados, e dizem: "Não, não é a mesma coisa: porque a criança necessita de um modelo masculino e de um modelo feminno". Que modelos são esses, nesta fase de mutação acelerada em que as mulheres ganham autoridade e os homens doçura? Que modelos eram esses - o pai que bebia e batia, a mãe que apanhava e chorava? O pai que mandava, a mãe que obedecia? O centro dessa maioria diz: "Não sou contra os casais homossexuais, arranjem-lhes leis que os protejam, mas não lhe chamem casamento". Estes estão imbuídos de uma noção de superioridade: chamem-lhe outra coisa, para não atingirem essa coisa sublime a que só nós, os que fazemos o sexo do qual podem nascer bebés, temos direito. A direita dessa maioria diz simplesmente: "Vivam lá a vida deles, mas discretamente". Ou seja, às escondidas, como os senhores faziam filhos às criadas.
O mundo já caminhou o suficiente (no Ocidente, claro), para entender que as crianças precisam de adultos que as amem. Um homem e uma mulher. Ou só um homem. Ou só uma mulher - os filhos dos viúvos, como se criam sem o tal modelo outro? Ou dois homens. Ou duas mulheres. As crianças precisam de modelos de amor. O amor, qualquer amor, ilumina. Os que se amam devem ter o direito à partilha e à herança um do outro. Devem ter o direito a acompanhar-se na saúde e na doença, em casa e no hospital, até ao último suspiro. As pessoas que pretendem negar a outras pessoas o direito ao casamento, fundamentando essa recusa no tipo de práticas sexuais dos outros, estão certamente a precisar de tratamento psiquiátrico. Porque só pensam em sexo e em poder, e há outras coisas na vida, muito mais importantes. A começar pelo amor.
Texto publicado na edição do Expresso de 5 de Dezembro de 2009
09/12/2009
03/12/2009
Arquitectando...
Instead of being merely the producer of a unique three-dimensional product, architects should see themselves as programmers of a process of spatial change.
Piet Vollaar
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Arquitectura,
Futuro,
Sociedade,
Sustentabilidade
06/11/2009
25/10/2009
21/10/2009
26/09/2009
17/09/2009
30/07/2009
27/07/2009
Berlin Preview
Potsdamer Platz
No próximo semestre irei mudar-me para Berlim, onde irei estudar na Technische Universität, ao abrigo do programa Erasmus, ou seja, estarei de volta no final do próximo ano lectivo.
Entretanto decidi colocar aqui algumas imagens que recolhi em Fevereiro, quando lá estive. Assim espero ir aguçando a minha ansieadade e o vosso desejo de acompanharem a minha estadia na capital alemão. Fica portanto aqui a promessa de ir mostrando Berlim através dos meus olhos.
No próximo semestre irei mudar-me para Berlim, onde irei estudar na Technische Universität, ao abrigo do programa Erasmus, ou seja, estarei de volta no final do próximo ano lectivo.
Entretanto decidi colocar aqui algumas imagens que recolhi em Fevereiro, quando lá estive. Assim espero ir aguçando a minha ansieadade e o vosso desejo de acompanharem a minha estadia na capital alemão. Fica portanto aqui a promessa de ir mostrando Berlim através dos meus olhos.
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Berlim,
Cidade,
Erasmus,
Fotografia,
Viagens
20/07/2009
17/07/2009
Um Novo Estado Novo...?
Li no jornal há uns dias atrás que aquela persnoagem ignóbil que comanda o Arquipélago da Madeira, proferiu mais uma das suas brilhantes tiradas, perante as quais a melhor solução será uma gargalhada estridente. Assim mitigamos a vontade de chorar quando nos recordamos das bestas que nos governam. E assim é porque nós merecemos, nós portugueses.
Desta vez o tio Alberto, defendeu que o comunismo deveria ser proibido na Constituição. Ora sabemos que o comunismo falhou redondamente. Mas isso não significa que a ideologia seja intrinsecamente má, até pelo contrário, é talvez a melhor, no entanto não funciona. Haverá sempre uma vil tentação pelo poder e a igualdade não passará de um triste nivelamento por baixo, impedindo quaisquer aspirações.
O que é verdadeiramente assustador, é que nos últimos tempos tem havido um discurso saudosista desenterrando o nosso velho Estado Novo. Aquela outra senhora que exala competência e seriedade (competente não sei, séria sim senhora) Manuela Ferreira Leite cometeu uma "gaffe" muito reveladora (que de "gaffe" não tem nada) afirmando que só com a interrupção temporária da democracia seria possível "endireitar" o país. Ora há mais de 80 anos foi isso que aconteceu e o país asfixiou durante 48 anos. Ainda há que frisar, aquele concurso organizado pela RTP, O Melhor Português de Sempre. Como é possível alguma vez na vida considerar Salazar o melhor português de sempre? Ele que o mais longe que alguma vez foi, foi Badajoz! Ele que numa época em que Portugal era um "imenso império" nunca visitou uma única colónia! Não admira que ele tenha arrastado o país para uma guerra estúpida, contra a merecida autonomia dos povos carinhosamente tratados pelo colonialismo português.
Sinceramente tenho pena, verdadeira e honesta pena, das muitas pessoas (não quero dizer os portugueses, porque afinal apenas era um programa televisivo) que se revêem neste avaro chefe de Estado. Chega de saudosismos idiotas de um tempo em que a vida NÃO era melhor. Será que as pessoas esquecem assim tão facilmente? Ou então a vidinha que tinham era-lhes suficiente, e mais uma vez, que pena...
A nossa democracia está doente. Mas assim é porque NÓS deixámos. Já passou o tempo do pessimismo, as coisas vão piorar. Mas e agora? O que fazer? Uma coisa é certa, em momentos de crise profunda não podemos pôr em stand-by valores alienáveis.
Sejamos mais exigentes. Façamos ouvir o nosso descontentamento, não apenas no café ou no sofá, em manifestações que paralisam em vez de ajudarem de facto o país. Ajamos. Trabalhemos mais e melhor. Patriotismo não é gritar pelo Cristiano Ronaldo oum pendurar uma bandeira made in China na marquise! Patriotismo é sermos bons, bons no que fazemos, bons para com os outros.
O importante é que se faça alguma alguma coisa. Não paremos. Estagnar é morrer.
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09/07/2009
Sobre Rodas e Pedais
Após ter iniciado a minha vida de ciclista, há muito adiada, por medo das colinas e/ou também preguiça, recomendo uma vista de olhos a este blog para quem quer começar a usar a bicicleta mas ainda não teve o empurrão (mesmo depois de ter visto o Home, foi graças a ele que eu comecei!).
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05/07/2009
HOME de Yann Arthus Bertrand
Recomendo a todos que assistam a este documentário, para além de nos mostrar imagens absolutamente extraordinárias do nosso planeta, é impossível ficarmos indiferentes.
Agora ando de bicicleta e quero ir de comboio para Berlim, porque a mudança começa nas pequenas coisas e porque não é possível pedirmos ou exigirmos aos outros algo que não sejamos capazes, ou não façamos realmente.
Porque este Planeta é a nossa Casa, e não temos mais para onde ir.
Porque este Planeta é maravilhoso, e nos proporciona tudo o que necessitamos.
Porque somos todos seres vivos, e todos temos impacte no mundo que nos rodeia.
Vejam, e movam-se.
http://www.youtube.com/homeproject
Agora ando de bicicleta e quero ir de comboio para Berlim, porque a mudança começa nas pequenas coisas e porque não é possível pedirmos ou exigirmos aos outros algo que não sejamos capazes, ou não façamos realmente.
Porque este Planeta é a nossa Casa, e não temos mais para onde ir.
Porque este Planeta é maravilhoso, e nos proporciona tudo o que necessitamos.
Porque somos todos seres vivos, e todos temos impacte no mundo que nos rodeia.
Vejam, e movam-se.
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24/06/2009
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